Em nossa postagem anterior, abordamos os fundamentos da identificação do conteúdo de fluido dentro do estômago. Esse conhecimento é frequentemente essencial para determinar o risco de cirurgias de emergência, como aspiração durante anestesia. O conteúdo de fluido pode resultar de fatores internos (endógenos) e externos (exógenos), e entender como diferenciar entre conteúdo gástrico de alto risco e baixo risco é vital para o gerenciamento eficaz do paciente.
Vamos recapitular brevemente o caso que exploramos:
Recapitulação do caso:
Um homem de 40 anos com fratura no punho chegou ao departamento de emergência. Ele havia consumido uma bebida aproximadamente três horas antes de sua admissão. Dado que ele precisava de cirurgia de emergência, um ultrassom gástrico foi realizado para avaliar o risco potencial de aspiração. Este ultrassom revelou conteúdo fluido no estômago.
Ultrassonografia e ultrassonografia reversa Anatomia de um estômago com conteúdo líquido
Este post irá se aprofundar em:
- As causas do conteúdo de fluido no estômago
- O uso do ultrassom para avaliar o risco de aspiração
- Um tutorial sobre como distinguir entre um estômago de alto e baixo risco usando ultrassom no local de atendimento (POCUS)
O que causa o fluido gástrico endoluminal?
O conteúdo do fluido gástrico pode resultar de vários fatores:
- Esvaziamento gástrico retardado: Isso pode ser devido ao estresse, medicamentos como opioides ou condições médicas subjacentes.
- Não cumprimento dos protocolos de jejum:Alguns pacientes podem ter inadvertidamente comido ou bebido líquidos antes da cirurgia.
- Secreções gástricas:O estômago produz fluidos continuamente, o que pode contribuir para seu conteúdo de fluidos.
Diferenciando estômagos de alto e baixo risco usando ultrassom
Ao usar ultrassom para avaliar o conteúdo de fluido no estômago, a área transversal do antro (AST) deve ser medida no posição de decúbito lateral direito. Essa medição ajuda os médicos a determinar se o conteúdo estomacal apresenta alto ou baixo risco de aspiração.
Processo passo a passo para medir o conteúdo de fluido
- Posição supina: Comece avaliando o estômago enquanto o paciente está deitado de costas. Isso ajudará a definir o tipo e a quantidade de conteúdo.
- Fluido transparente: Parece anecóico na imagem do ultrassom.
- Fluido não transparente (por exemplo, leite ou suspensões): Aparece hiperecoico, indicando conteúdo mais denso.
- Posição de decúbito lateral direito:Se líquido claro ou estômago vazio for visualizado na posição supina, será necessária uma avaliação mais aprofundada nessa posição.
- Grau 0 (estômago vazio):Se nenhum conteúdo for visualizado na posição de decúbito lateral, o estômago está vazio.
- Grau 1 (baixo risco):Se o conteúdo de fluido for visualizado e calculado como sendo menor que 1.5 mL/kg, o paciente é considerado em jejum e apresenta baixo risco de aspiração.
- Grau 2 (alto risco): Se o conteúdo de fluido exceder 1.5 mL/kg, o paciente será considerado de alto risco de aspiração.
Fórmula para estimar o volume gástrico
Para estimar o volume do conteúdo gástrico, use a seguinte fórmula:
Volume gástrico (mL) = 27.0 + (14.6 × AST do antro em decúbito lateral direito) − (1.28 × idade)
Onde:
- CSA: Área da secção transversal do antro medida em centímetros quadrados.
- Idade: Idade do paciente em anos.
Se o volume gástrico exceder 1.5 mL/kg, o estômago é considerado cheio e apresenta alto risco de aspiração. Se o volume estiver abaixo desse limite, é compatível com jejum e apresenta baixo risco.
Medição da área da secção transversal (AST) do antro
Para medir o CSA:
Rastreie o camada externa do antro (serosa) na posição de decúbito lateral direito.
- Se a sua máquina de ultrassom tiver um ferramenta de rastreamento gratuita, use-o para delinear a área diretamente.
- Caso contrário, calcule o CSA usando a fórmula para a área de uma elipse:
CSA (cm²) = (diâmetro anteroposterior × diâmetro craniocaudal × π)/4
Certifique-se de que haja sem movimentos peristálticos durante a medição, pois isso pode interferir na precisão.
Área transversal do antro.
Aspecto ultrassonográfico de líquido no estômago
- Fluido transparente: Como mencionado, fluidos claros parecem anecoicos no ultrassom. Isso é comum com água ou certos tipos de secreções gástricas.
- Fluidos não claros: Fluidos como leite ou suspensões gástricas parecem hiperecoicos. Eles podem parecer mais sólidos e brancos brilhantes na tela do ultrassom.
Aparição “Noite estrelada”
Um fenômeno interessante frequentemente observado com bebidas gaseificadas é o efeito “noite estrelada”. Isso ocorre quando bolhas estão presentes no conteúdo do fluido, criando um padrão visual distinto de pontos minúsculos, brilhantes e espalhados pelo fluido anecoico. Embora transitório, esse padrão ajuda a identificar a ingestão recente de líquidos carbonatados.
Dicas rápidas para uma avaliação precisa
- Garanta o posicionamento correto: Sempre avalie o estômago nas posições supina e decúbito lateral.
- O tipo de fluido é importante: Distinguir entre fluidos claros e não claros para determinar se é provável a ingestão recente de fluidos densos.
- Utilizar tabelas de decisão: Guias de referência rápida e tabelas de decisão podem ser usados para verificar os valores de CSA e a idade do paciente para uma estimativa mais rápida do volume gástrico.
Conclusão
O ultrassom no local de atendimento (POCUS) oferece um método altamente eficaz e não invasivo para avaliar o conteúdo de fluido no estômago e determinar o risco de aspiração durante a cirurgia. Entender a distinção entre conteúdo gástrico de alto e baixo risco é crucial para a segurança do paciente, particularmente em situações de emergência.
Seguindo as diretrizes passo a passo, os médicos podem melhorar suas capacidades de diagnóstico e tomar decisões mais informadas sobre o manejo das vias aéreas em pacientes com conteúdo de fluido gástrico.
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