
Alterações na anatomia da coluna relacionadas à idade: implicações para a punção neuroaxial
À medida que a população envelhece, a demanda por procedimentos neuroaxiais em idosos continua a aumentar. No entanto, as mudanças anatômicas que ocorrem com o envelhecimento apresentam desafios únicos para os médicos que realizam esses procedimentos. Um estudo recente de Hagenaars e outros (2024) esclarece a morfologia evolutiva da coluna vertebral em diferentes faixas etárias e seu impacto na viabilidade de punções neuroaxiais da linha média.
Principais conclusões
A pesquisa utilizou tomografias computadorizadas (TC) sagitais médias para avaliar alterações no espaço interespinhoso e seu efeito no sucesso das trajetórias virtuais da agulha. Aqui estão os principais resultados:
- Espaço de manobra reduzido com a idade:
- O Índice de Acessibilidade Espinhal (ISA), uma medida do espaço disponível para manobra da agulha, diminui significativamente com a idade.
- Adultos mais velhos (≥80 anos) apresentaram espaços interespinhosos notavelmente menores e mais irregulares em comparação a indivíduos mais jovens (21–30 anos).
- Pontos e ângulos de punção ideais:
- Apesar das mudanças relacionadas à idade, os pontos e ângulos genéricos ideais de punção para procedimentos neuroaxiais permaneceram consistentes em todas as faixas etárias.
- Isso indica que técnicas semelhantes podem ser aplicadas, embora a variabilidade anatômica deva ser considerada.
- Alterações morfológicas:
- Em adultos mais velhos, calcificação de ligamentos, ossificação e formações de pseudoarticulação eram comuns.
- Essas alterações podem tornar certos espaços intervertebrais inacessíveis por meio de abordagens pela linha média, principalmente na região lombar.
Implicações para a prática clínica
- Desafios para idosos:
- A redução do SAI destaca a necessidade de uma técnica precisa, especialmente em pacientes com mais de 80 anos.
- A coluna lombar, que suporta mais peso e é exposta ao estresse mecânico, apresenta a deterioração anatômica mais significativa.
- Necessidade de adaptações:
- Abordagens alternativas como a técnica paramediana podem ser preferíveis para casos desafiadores.
- A orientação ultrassonográfica pré-procedimental pode aumentar a precisão, especialmente em pacientes com anatomia espinhal distorcida.
- Treinamento e conscientização:
- Conhecimento anatômico detalhado é essencial, principalmente para praticantes iniciantes.
- Entender as mudanças esperadas na morfologia do espaço interespinhoso pode ajudar a antecipar dificuldades e melhorar as taxas de sucesso.
Pesquisas futuras
O estudo ressalta a importância de abordagens personalizadas para procedimentos neuroaxiais, especialmente em populações mais velhas. Para avançar nos resultados clínicos:
- Explore a eficácia de abordagens paramedianas ou técnicas combinadas para pacientes idosos.
- Investigar o papel das técnicas assistidas por ultrassom na redução das taxas de falhas e complicações.
- Realizar mais pesquisas sobre faixas etárias intermediárias (60–80 anos), muitas vezes sub-representadas em estudos existentes.
Conclusão
Os resultados de Hagenaars et al. fornecem insights valiosos sobre as transformações anatômicas da coluna vertebral com o envelhecimento e suas implicações para as punções neuroaxiais. Embora as técnicas ideais permaneçam amplamente consistentes, os médicos precisam adaptar suas abordagens para lidar com os desafios impostos por essas mudanças. Treinamento aprimorado e a integração de tecnologias avançadas de imagem prometem melhorar os resultados dos procedimentos, especialmente em idosos.
Para mais informações, consulte o artigo completo em Anestesia Regional e Medicina da Dor.
Hagenaars M, van den Dobbelsteen JJ, van Gerwen DJ. Alterações no espaço de manobra da agulha e no local ideal de inserção para punção neuroaxial da linha média com o avanço da idade: uma análise em tomografias computadorizadas. Reg Anesth Pain Med. 2024 Dez 2;49(12):853-860.
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