Taxas de migração de cateteres de bloqueio de canal adutor tradicionais versus tunelados: um ensaio clínico randomizado
A artroplastia total do joelho (ATJ) é um procedimento comum para o tratamento da osteoartrite em estágio terminal, com dor pós-operatória significativa como complicação notável. O bloqueio do canal adutor (ACB) tornou-se uma técnica analgésica padrão para o tratamento da dor pós-operatória, oferecendo alívio eficaz da dor sem a fraqueza do quadríceps normalmente associada a bloqueios do nervo femoral. Avanços recentes incluem ACBs contínuos, que estendem os efeitos analgésicos além de injeções únicas. No entanto, a migração do cateter continua a ser um desafio, levando a analgesia inadequada.
Uma nova abordagem, a técnica do plano interfascial entre o músculo sartório e a artéria femoral (ISAFE), promete reduzir a migração do cateter. Este estudo compara a abordagem ISAFE com a técnica tradicional de inserção de cateter no canal adutor, levantando a hipótese de que ISAFE resultará em taxas mais baixas de deslocamento do cateter.
Objetivo e métodos do estudo
O objetivo principal deste ensaio clínico randomizado foi comparar a incidência de deslocamento do cateter do canal adutor entre a abordagem ISAFE e a técnica convencional de inserção do cateter em pacientes submetidos a ATJ unilateral.
O estudo teve como objetivo determinar se a abordagem ISAFE resultaria em menor taxa de deslocamento, melhorando assim a analgesia pós-operatória. Noventa e sete pacientes foram randomizados em dois grupos: o grupo ISAFE e o grupo convencional. O cegamento foi mantido tanto para pacientes quanto para avaliadores. Os cateteres foram inseridos no pós-operatório sob orientação ultrassonográfica, com suas posições confirmadas e fixadas. O desfecho primário foi avaliado por ultrassom 24 horas após a cirurgia, enquanto os desfechos secundários, incluindo escores de dor, consumo de opioides e complicações relacionadas ao cateter, foram monitorados por 48 horas após a cirurgia.
Resultados
Resultado primário
O grupo ISAFE apresentou deslocamento do cateter significativamente menor em comparação ao grupo controle (18.6% vs 44.9%, p=0.01).
Resultados secundários
- Os escores de dor em repouso foram menores no grupo ISAFE no DPO 1 e no DPO 2.
- Não houve diferenças significativas nos escores de dor durante o movimento ou no consumo de opioides entre os grupos.
- A distância da posição inicial do cateter foi semelhante nos dois grupos, mas os cateteres ISAFE estavam mais próximos do nervo safeno.
Complicações relacionadas ao cateter
- Não houve diferenças significativas nas complicações relacionadas à inserção entre os grupos.
- Nenhum deslocamento do cateter no local de inserção da pele foi observado em nenhum dos grupos.
Discussão
A técnica ISAFE reduz significativamente a migração do cateter em comparação com a abordagem tradicional. Embora ambas as técnicas tenham apresentado distâncias de migração semelhantes, os cateteres ISAFE permaneceram mais próximos do nervo safeno, aumentando a eficácia analgésica. Os resultados sugerem que a tunelização do cateter através do canal adutor ou paralelamente ao nervo safeno evita o deslocamento. Apesar dos escores mais baixos de dor em repouso no grupo ISAFE, a relevância clínica permanece incerta devido ao uso semelhante de opioides entre os grupos.
Conclusão
A abordagem ISAFE para colocação contínua de cateter ACB reduz as taxas de migração em comparação com a técnica convencional. Mais pesquisas são necessárias para determinar se essas diferenças se traduzem em melhores resultados clínicos.
Para informações mais detalhadas, consulte o artigo completo em RAP.
Gleicher Y, Dos Santos Fernandes H, Peacock S, et al. Comparação das taxas de migração entre cateteres de bloqueio de canal adutor tradicionais e tunelados: um ensaio clínico randomizado. Reg Anesth Pain Med. 2024;49(6):423-428.
Gleicher Y et al. Reg Anesth Pain Med. 2024.
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