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Incidência de síndrome compartimental aguda com uso rotineiro de anestesia regional para fraturas de ossos longos: principais insights

15 de outubro de 2024

Síndrome compartimental aguda (SCA) é uma complicação grave de fraturas traumáticas de ossos longos que pode ameaçar a viabilidade dos membros e, em casos extremos, a vida. Essa condição requer diagnóstico e intervenção oportunos para evitar danos irreversíveis. Tradicionalmente, o uso de Bloqueios de Nervos Periféricos (PNBs) para o tratamento da dor em tais pacientes tem sido controverso, principalmente devido a preocupações de que os PNBs podem mascarar os sintomas da SCA, particularmente a dor, potencialmente atrasando o diagnóstico. Um estudo retrospectivo recente realizado em uma instituição acadêmica terciária de trauma de nível I fornece informações valiosas sobre a incidência de SCA com uso rotineiro de anestesia regional para pacientes com fraturas de ossos longos.

O que é ACS?

A Síndrome Compartimental Aguda ocorre quando o aumento da pressão dentro de um compartimento muscular fechado compromete a circulação e a função do tecido dentro desse espaço. É mais comumente associada a fraturas, particularmente da tíbia, mas também pode ocorrer em outros contextos, como lesões de tecidos moles ou queimaduras.

  • Sintomas: Os “6 Ps” – Dor, Palidez, Ausência de Pulso, Paralisia, Poiquilotermia e Parestesia.
  • Complicações:Se não for tratada, a SCA pode levar a danos permanentes nos músculos e nervos, resultando em perda de função ou até mesmo amputação de membros.

Método de estudo

O estudo envolveu uma busca eletrônica de prontuários médicos por mais de uma década para identificar pacientes com fraturas de ossos longos (tíbia, fíbula, fêmur, úmero, rádio, ulna). Também identificou pacientes diagnosticados com SCA ou aqueles que passaram por uma fasciotomia, um procedimento cirúrgico considerado equivalente ao diagnóstico de SCA grave.

Resultados  

  • Incidência geral de SCA:De 26,537 pacientes com fraturas de ossos longos, 27 foram confirmados como portadores de SCA causada por fraturas de ossos longos, resultando em uma taxa de incidência de 0.1% (1.017 por 1000 pacientes).
  • Tempo para diagnóstico: Em média, a SCA foi diagnosticada 13 horas após o trauma. Atrasos no diagnóstico não necessariamente se correlacionaram com piores resultados, sugerindo uma interação complexa de fatores que influenciam o prognóstico.
  • Anestesia regional e SCA: Dos 27 pacientes com SCA confirmada, apenas três receberam PNBs. Nesses casos, a dor persistiu apesar dos bloqueios nervosos, levando à intervenção cirúrgica imediata.

Implicações para a Prática

  • O estudo desafia a cautela tradicional contra o uso de PNBs em pacientes com risco de SCA. Com um protocolo bem estruturado e gerenciamento multidisciplinar, o uso rotineiro de anestesia regional em pacientes com trauma mostrou baixa incidência de SCA.
  • Componentes-chave do protocolo:
    • Uso de anestésicos locais de baixa concentração
    • Bloqueios nervosos contínuos em vez de bloqueios de injeção única
    • Monitoramento frequente da dor e eficácia do bloqueio
    • Resposta imediata à dor descontrolada, mesmo com bloqueio nervoso eficaz

Protocolo para manejo de pacientes com risco de SCA com PNBs

  1. Serviço dedicado à dor aguda (APS): Equipe especializada supervisionando o tratamento da dor com anestesia regional.
  2. Bloqueios nervosos periféricos contínuos (cPNBs): De preferência usado para manter o alívio constante da dor e evitar mascarar os sintomas da SCA.
  3. Anestésicos de baixa concentração:Uso de ropivacaína a 0.2% para minimizar bloqueios motores e sensoriais densos.
  4. Monitoramento regular: Pontuações de dor, densidade de bloqueio sensorial e motor e capacidade de resposta do paciente são frequentemente avaliadas.
  5. Resposta à dor irruptiva: Reavaliação imediata pelas equipes ortopédica e de APS, podendo levar à fasciotomia se houver suspeita de SCA.

Resultados a longo prazo:

  • Entre os pacientes com SCA que receberam PNBs, dois se recuperaram totalmente sem déficits neurológicos, enquanto um teve danos nervosos residuais devido a múltiplas cirurgias após o diagnóstico de SCA.
  • O estudo sugere que bloqueios nervosos contínuos podem auxiliar na drenagem compartimental e melhorar a perfusão, potencialmente oferecendo benefícios que vão além do controle da dor.

Conclusão

Este estudo fornece evidências de que, com seleção cuidadosa de pacientes, protocolos apropriados e monitoramento vigilante, o uso rotineiro de anestesia regional em pacientes com trauma e fraturas de ossos longos pode ser seguro, com baixo risco de atrasar o diagnóstico de SCA. Estudos prospectivos futuros são necessários para explorar melhor a relação entre anestesia regional e risco de SCA, potencialmente levando a diretrizes atualizadas e melhores resultados para os pacientes.

Para informações mais detalhadas, consulte o artigo completo em Anestesia Regional e Medicina da Dor

Chembrovich S, Ihnatsenka B, Smith C, et al. Incidência de síndrome compartimental aguda com uso rotineiro de anestesia regional para pacientes com fraturas de ossos longos: uma grande revisão retrospectiva de centro único de uma instituição acadêmica terciária de trauma de nível I. Reg Anesth Pain Med. 2024;49(7):505-510.

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