
Estudo de caso: Avaliação da função diafragmática por meio de ultrassom
O ultrassom do diafragma é uma técnica de ultrassom não invasiva, point-of-care (POCUS) usada para avaliar a função diafragmática. Este estudo de caso explora sua aplicação na avaliação da disfunção diafragmática em um ambiente clínico.
Apresentação do caso
Uma mulher de 60 anos foi transferida para a UTI após uma cirurgia cardíaca eletiva. Seu histórico médico incluía doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e hipertensão. As complicações pós-operatórias incluíram dependência prolongada do ventilador e dificuldade de desmame da ventilação mecânica.
Exame físico
O paciente estava alerta, mas exibia sinais de dificuldade respiratória, incluindo respiração superficial e uso de músculos acessórios. A ausculta revelou sons respiratórios reduzidos nas bases pulmonares. Não havia evidência de fraqueza neuromuscular evidente, mas suspeitava-se de disfunção diafragmática.
Decisão clínica
Diante da suspeita de disfunção diafragmática contribuindo para a dificuldade do paciente em desmamar da ventilação mecânica, foi realizada ultrassonografia do diafragma à beira do leito para avaliar a estrutura e a função do diafragma.
Indicações para ultrassom de diafragma
- Dificuldade no desmame da ventilação mecânica
- Suspeita de paralisia ou disfunção diafragmática
- Avaliação pós-operatória após cirurgias de alto risco
- Avaliação de distúrbios neuromusculares que afetam a função respiratória
Informações essenciais sobre ultrassom do diafragma
- O ultrassom do diafragma fornece uma avaliação dinâmica e em tempo real do movimento e da espessura do diafragma.
- É uma técnica não invasiva, realizada à beira do leito, que oferece insights imediatos sobre a função diafragmática.
- Embora complemente outras modalidades de imagem, o ultrassom do diafragma é particularmente útil para monitorar a função do diafragma ao longo do tempo.
Configuração da máquina de ultrassom
- Transdutor: SCA de matriz curvilínea ou em fase; linear para ZOA.
- predefinido: Abdominal
- Orientação: Transversal para SCA e em direção à cabeça para ZOA.
- Profundidade: 12-18 cm para SCA; 1.5-3 cm para ZOA
Posicionamento do paciente
- Posicione o paciente em decúbito dorsal com ambos os braços ao lado do corpo.
- Para melhor acesso ao diafragma, pode-se utilizar um leve decúbito lateral ou um leve posicionamento ereto, embora a reprodutibilidade possa ser menor.
Marcos
- Clavícula: Linha médio-clavicular
- Axila: Linha axilar anterior
- Margem Costeira: Identificar para posicionamento do transdutor
- Processo Xifóide: Como ponto de referência para imagens subcostais
Os pontos de referência no tórax também podem ajudar com linhas virtuais para posicionamento do transdutor.
Visualizações
- Área Subcostal (SCA):
- Coloque o transdutor em posição transversal na região subcostal na linha médio-clavicular.
- Visualize o diafragma usando o fígado ou o baço como janelas acústicas.
- Zona de Aposição (ZOA):
-
- Coloque o transdutor paralelo às costelas entre o 8º e o 10º espaços intercostais ao longo da linha axilar anterior.
- Avalie o diafragma como uma estrutura de três camadas abaixo da linha pleural.
Avaliação
Excursão Diafragmática
Excursão normal: O movimento do diafragma deve aparecer como um padrão sinusoidal no modo M durante a respiração.
- Medição: A excursão é medida em centímetros. Valores normais para diafragma excursão durante a respiração superficial, respiração profunda e manobras de olfato são:
- Resultados: Neste paciente, a excursão do diafragma durante a respiração superficial foi de 0.5 cm, indicando disfunção diafragmática. Um movimento cranial paradoxal do diafragma durante a inspiração foi observado, sugestivo de paralisia do diafragma.
Espessamento do diafragma
Espessamento normal: O diafragma deve engrossar durante a inspiração, com a espessura aumentando de cerca de 1.7 mm durante a respiração superficial para 4.5 mm na capacidade pulmonar total (CPT).
- Fração de Espessamento (FT): Calculado usando a fórmula:
TF = (Din-Dex)/Dex
Um TF menor que 20% indica disfunção diafragmática. Neste paciente, o TF foi calculado em 15%, confirmando o diagnóstico de disfunção diafragmática.
Diagnóstico
Os resultados sugerem fortemente que o paciente sofre de disfunção diafragmática, provavelmente relacionada para paralisia do diafragma. Essa condição está contribuindo para a dificuldade de desmamar o paciente da ventilação mecânica. Intervenções imediatas para tratar essa disfunção devem ser consideradas, incluindo possíveis terapias de suporte ou investigação adicional para determinar a causa subjacente da paralisia.
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